A Nutrição no Sistema Nacional de Saúde: O Que Estamos a Oferecer aos Doentes?
Recentemente, um dos nossos profissionais deparou-se com um cenário no Hospital Garcia de Orta que, infelizmente, não é incomum nos hospitais públicos: um doente, claramente fragilizado, a receber um lanche composto por duas fatias de pão de forma industrializado, uma compota de ameixa carregada de açúcar e um chá deslavado. Um cenário que levanta uma questão fundamental: como é que podemos esperar recuperação e regeneração quando a nutrição hospitalar continua a ignorar princípios básicos da saúde alimentar?
O nosso sistema nacional de saúde foca-se, e bem, no tratamento da doença, mas negligencia um dos pilares mais essenciais da recuperação – a alimentação. O que estamos a oferecer às pessoas internadas não é alimento funcional, nem regenerador. É um reflexo de um modelo ultrapassado, onde a nutrição ainda é vista como algo secundário e não como uma ferramenta terapêutica essencial.
O Que Está Errado Neste Prato?
Vamos analisar o que este lanche representa em termos nutricionais:
X Pão de forma industrializado – Farinhas refinadas, aditivos, conservantes e baixo valor nutricional.
X Compota de ameixa com açúcar – Um pico glicémico desnecessário num organismo que precisa de estabilidade metabólica.
X Chá ultra diluído sem valor nutricional – Muitas vezes sem propriedades funcionais, apenas um líquido morno para ocupar espaço e hidratar o básico.
Agora pensemos: num momento de maior vulnerabilidade, em que o corpo precisa de suporte para regenerar tecidos, equilibrar a microbiota e modular a inflamação, faz sentido este tipo de alimentação?
A resposta é óbvia. Não.
O Impacto da Nutrição na Recuperação
A alimentação não é apenas um detalhe. O que comemos impacta:
🌿 A resposta inflamatória do corpo – Açúcares refinados e farinhas brancas aumentam a inflamação, atrasando a recuperação.
🌿 A microbiota intestinal e o sistema imunitário – O intestino é responsável por grande parte da imunidade, e a ausência de fibras e nutrientes essenciais afeta esse equilíbrio.
🌿 A energia celular e a cicatrização – Sem gorduras boas, proteínas de qualidade e micronutrientes adequados, o processo de recuperação torna-se mais lento e menos eficiente.
🌿 O metabolismo e o controle glicémico – Submeter um organismo debilitado a picos e quedas de glicose pode comprometer ainda mais a função metabólica.
Como Podemos Mudar?
A nutrição hospitalar precisa urgentemente de uma revolução e, não tem de representar necessariamente aumento dos custos. Algumas soluções realistas incluem:
✔ Revisão das diretrizes alimentares hospitalares, priorizando ingredientes naturais e integrais.
✔ Maior foco em proteínas de qualidade, como ovos, peixes e leguminosas em vez de carboidratos refinados.
✔ Introdução de gorduras saudáveis, como azeite virgem extra, frutos secos e abacate, essenciais para regeneração celular.
✔ Eliminação de açúcares adicionados, optando por alimentos que promovem saciedade e estabilidade metabólica.
✔ Uso de infusões funcionais em vez de águas amarelas sem valor nutricional – por exemplo, gengibre para modular a inflamação, camomila para relaxamento digestivo e antioxidantes naturais.
Reflexão: Qual é o Custo da Má Nutrição no Sistema de Saúde?
Quando um doente sai do hospital, muitas vezes sai com mais do que a doença tratada – sai com um metabolismo desregulado, um intestino enfraquecido e uma carga inflamatória acumulada. A nutrição hospitalar deveria ser parte integrante do tratamento, e não um detalhe negligenciado.
Se queremos um sistema de saúde verdadeiramente funcional, precisamos de incluir a alimentação como ferramenta terapêutica prioritária. Se queremos que os doentes recuperem mais rápido, com menos complicações e com mais qualidade de vida, precisamos de mudar o que lhes servimos no prato.
Na MindFeed Clinic, acreditamos na abordagem integrativa e funcional da saúde – e a nutrição é um dos pilares essenciais. Porque a comida pode ser remédio, mas também pode ser veneno. Está na hora de escolher melhor.
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📍 Porque cada refeição é uma oportunidade para curar.